quarta-feira, setembro 02, 2009

não pares de me chamar


não pares de me chamar

faz de mim o sul dos teus rios

põe-me céus de vertigem nos dias

ou mares

põe-me mares nos instantes

e acende-me nos olhos

um bonito grito

como se eu fosse a madrugada

ou aquela hora

em que numa pedra branca

me desenhas o mundo

e eu me arrependo

de enlouquecer

leva-me

leva-me pelos telhados mais altos

e ensina-me os horizontes sem fim

as árvores antigas

onde as cores das estações se escondem

onde começam os caminhos

onde acabam as fugas

onde terminam as procuras

e dá-me as cidades

as mais longínquas

as que crescem das casas que sonhaste

e põe-me a teu lado

debruça-me nessas janelas

para nenhuma solidão


gil t. sousa

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